Publicado por Restos de Colecção
2 de Setembro de 2012
Em 1970, em colaboração com a RTP, a "Editorial Verbo" lança a "Biblioteca Básica Verbo - Livros de bolso. A ideia surge de uma experiência idêntica que se havia realizado, com grande sucesso, em Espanha, com a televisão espanhola e uma editora madrilena...
O então presidente da Direcção da RTP, depois de uma viagem a Espanha, vem muito entusiasmado com a ideia e é dirigido um convite à Verbo para ser a editora portuguesa a participar neste projecto. Tratava-se de uma acção completamente inovadora no mercado português, da qual jamais, na altura, se teve noção da dimensão que o empreendimento iria tomar e na qual todos os detalhes foram cuidadosamente trabalhados. Foram estudados incansavelmente cada um dos 100 títulos a incluir; a periodicidade, acabando por se optar pela semanal; o papel a utilizar nos livros; a cartolina das capas; o tipo de letra; o formato do livro; o grafismo das capas (da autoria de Sebastião Rodrigues, o pai do design gráfico português) e a distribuição. Também na distribuição este projecto se revelou extremamente inovador.
Montou-se uma rede de distribuição inédita, com 3500 pontos de (note-se que então o número de livrarias registadas não ultrapassava o 600), para o abastecimento dos quais a "Editorial Verbo" teve que reforçar a sua frota de transporte com oito novos furgões. O nosso slogan interno foi que tinhamos que ter um ponto de venda, devidamente abastecido, junto de cada televisor existente em Portugal.
No fundo, o que se fez foi vender livros em locais onde tal nunca tinha acontecido antes, tais como quiosques e tabacarias, muito à semelhança das novas tendências de mercado. Também toda a publicidade a fazer na televisão e que era da responsabilidade da RTP, foi conosco discutida, estudada, realizada e programada.
A "Editorial Verbo" previu quase tudo, pensando que tinha previsto tudo, e imprimiu 50.000 exemplares dos dois primeiros volumes (o segundo livro era oferecido na compra do primeiro). O que não previa era que esses 50.000 exemplares se iriam esgotar na própria manha do dia do lançamento, 6 de Novembro de 1970, e que as pessoas os disputariam a murro nos armazéns da editora, a ponto de impedirem a entrada a um dos administradores da Verbo, porque as centenas de homens e mulheres que formavam fila para serem abastecidos pensaram que ele lhes ia passar à frente e tirar o lugar!
Dos dois primeiros volumes - a novela "Maria Moisés", de Camilo Castelo Branco, e "100 Obras Primas da Pintura Europeia" acabaram por se imprimir, `lufa-lufa, e vender 230.000 exemplares de cada. Em Outubro de 1972, do 100º título, "Os Lusíadas", ainda se venderam mais de 100.000 exemplares. Ao todo, durante aquelas cem semanas, foram colocados em casa dos portugueses, ao preço de 15 escudos cada, mais de 15 milhões de livros, num país maioritariamente iletrado.
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Passando a palavra para que não se perca no tempo...
Em 1970, em colaboração com a RTP, a "Editorial Verbo" lança a "Biblioteca Básica Verbo - Livros de bolso. A ideia surge... link
Depoimento de Vitorino Nemésio sobre a iniciativa conjunta da Editorial Verbo e da RTP, com o lançamento duma coleção de livros de bolso para a constituição duma biblioteca básica de referência e acessível ao grande público... link
Das figuras da época “heróica” da edição nacional, Fernando Guedes é, para além de um indiscutível “decano” pela sua longevidade, uma figura incontornável: a Verbo, de que foi co-fundador em 1958, foi durante mais de duas décadas... link
Fernando Guedes... Lamentou apenas que a figura do editor tenha mudado tanto ao longo dos anos e que, hoje em dia, o editor seja mais o «administrador com A grande». «O editor, o homem dos sete ofícios já não existe», declarou. «Perdeu-se muito do encanto desta profissão, uma profissão de artistas.»... link
Publicado por aluaflutua
16-02-2008
Olhei para eles, alinhadinhos na estante. Os desenhos e as cores fizeram-me lembrar, o spot publicitário dos livros RTP, da Editorial Verbo, de há mais de 30 anos atrás, apesar de, nesse tempo, a televisão ser a preto e branco. Talvez uma mistura de memórias, a preto e branco a da televisão, a cores a dos livros. Lembrei-me, também, de como esperava, com alguma ansiedade, o início da emissão da RTP. A mira técnica, aquela coisa enfadonha, imóvel, que nunca mais desaparecia para, em seu lugar aparecerem as antenas, a representação das ondas hertzianas acompanhadas da enérgica música, a anunciarem, finalmente, o começo da emissão. Era como se as portas dum novo mundo se abrissem, todos os dias, ao fim da tarde. Tudo isto faz parte das minhas memórias de infância. Por isso os trouxe até aqui, no detalhe de uma fotografia.
A colecção completa - 100 volumes - foi comprada numa livraria/alfarrabista, na Rua dos Clérigos no Porto, há mais de 15 anos por 20.000$00. Um bom investimento, sem dúvida.
Encontrei no site da Verbo um texto sobre esta colecção, que copiei parcialmente.
Os Livro RTP são actualmente considerados um case study, estudado por muitos especialistas da área, pois os valores de tiragem que foram alcançados e as proporções que o projecto acabou por tomar foram completamente inéditos para a época.
Esta colecção foi o maior espéctaculo que jamais uma editora nacional proporcionou ao público português!
Ainda hoje, passados mais de 30 anos, em todas as feiras de livros usados e alfarrabistas, sem excepção, encontramos Livros RTP. Em 1970, em colaboração com a RTP, a Editorial Verbo lança a Biblioteca Básica Verbo – Livros RTP, uma colecção de livros de bolso.
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