Livros inesquecíveis
"O Macaco Louco" - Albert Szent-Györgyi (1970)
João Couto
15 Maio /2014
E como a memória nos surpreende!
Andava eu, já faz algum tempo, à procura de um livro que me tinha deixado muito boas recordações de leitura em meados dos anos 70 e agora, com um pouco mais de insistência, finalmente o encontro...
Eu gostei tanto de o ler que naquele tempo o recomendei ao Jorge Iglésias que eu tinha em grande consideração... Lembro-me de lhe ter dito que o livro no fundo não diz nada de novo que a gente não saiba ou não imagine mas o facto de o dizer e de como o diz é que faz o livro entusiasmante e apetecível...
Um dos motivos porque eu não o encontrava deve-se ao facto de o autor ser para mim um ilustre desconhecido mas devo dizer que se eu algum dia tivesse a capacidade de escrita suficiente para escrever um livro, este seria um dos que eu na idade dos meus 20 anos assinaria por baixo com muito orgulho e, se tivesse hoje o tempo livre que naqueles tempos me sobrava, gostaria muito de o voltar a ler...
O outo motivo de ele me andar a escapar deve-se ao facto de eu andar à procura do livro pelas palavras erradas de "O Homem Macaco"... Era esse o título que me vinha à memória e eu percebo agora bem porque essa confusão... A troca da palavra homem por louco na minha memória não é inocente pois é isso na realidade o que nós humanidade somos, macacos loucos...
O grande problema é que a fronteira entre a loucura sã e a outra, a maquiavélica, nem sempre é de fácil reconhecimento e quando esses outros loucos usufruem do poder é o caraças...
P.S. Entretanto vão dizendo por aí alguns palermas muito convencidos, que passagens do livro, como essa aí abaixo, "Consíderações sobre educação", são do mais básico e que o livro é mediocre... Pois eu diria a esses inteligentes que voltem a ler livros infantis ou do tipo a, e, i, o, u, que voltem a soletrar as vogais do alfabeto e que depois voltem para comentar que acabaram de ler realmente um livro muito muito básico... Esses inteligentes não entendem que todas as coisas tem o seu momento, o seu timing como diria o inglês, e para demonstrarem o seu grau de "cultura" necessitam dizer mal do que na realidade não entendem porque lá no fundo falta-lhes mesmo é bastante dessa mesma essencia de que o livro também fala que é a tal "programação educacional"...
É evidente que existe por aí muita desonestidade intelectual, seja motivada por pontos de vista politicos ou outros, nós sabemos que ela anda por aí mas, também é verdade que alguns ilustrados por muita programação educacional que se lhes aplique nunca atingirão a compreensão de algumas coisas... Já agora, dizer a esses senhores que o autor escreveu este livro já a caminho dos 80 anos e o dedicou aos jovens que despontavam no início da década de 70 do século passado, e que por mero acaso e sorte, eu fui um dos privilegiados...
Título original, "The Crazy Ape"
Autor, Albert Szent-Györgyi
Ano, 1970IV. Consíderações sobre educação
"Nas páginas anteriores tentei demonstrar que a acção depende de um mecanismo subjacente e que as actividades humanas têm a sua base na estrutura do cérebro. Se se tratasse apenas disso, nada haveria a fazer para alterar o rumo actual das coisas e este livro seria supérfluo. O que coloca o futuro do homem nas suas próprias mãos é o facto de o seu cérebro ter muito em comum com uma máquina inventada na última década: o computador. O computador é um mecanismo como outro qualquer, mas as suas possibilidades dependem não só da sua estrutura mais grosseira como também da sua estrutura mais delicada, eléctrica ou magnética, que pode ser alterada pela programação.
Portanto, o que um computador pode fazer depende da sua programação.Aquilo a que chamamos educação nada mais é do que a programação do cérebro na fase em que está ainda maleável. O futuro da humanidade depende da educação, um sistema de programação susceptível de ser alterado. A história humana reflecte, em essência, a alteração gradual dessa programação e, se o leitor se comparar com um selvagem canibal, pode descobrir que a única diferença essencial entre os dois é a programação educacional a que foram submetidos. Segue-se daqui que a educação é uma das mais importantes actividades da humanidade..." ... link
Unforgettable Books
"The Crazy Ape" - Albert Szent-Györgyi (1970)
... In his 1970 book, The Crazy Ape, he expressed his agonized sentiments, which resonated with the spirit of the era. ...link
Contents:
- FOREWORD
- I. THE PROBLEM IS STATED
- II. MAN vs. NATURE
- III. THE BRAIN AND THE MIND
- IV. REMARKS ON EDUCATION
- V. THE DUALITY OF MORALS
- VI. THE BIOLOGY OF ARMIES
- VII. THE DUAL WORLD STRUCTURE
- VIII. ON GOVERNMENTS
- IX. ON INFORMATION
- X. LIFE vs. DEATH
- XI. ON VIOLENCE
- XII. GERONTOCRACY
- XIII. SEX
- XIV. THE GENERATION GAP
- XV. A PRESIDENTIAL SPEECH
- XVI. SCIENCE AND SOCIETY
- XVII. THE WAY OUT
- XVIII. ADDITIVITY AND THE BIPARTISAN WORLD
- POST SCRIPT
- APPENDIX
- Notes
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III. THE BRAIN AND THE MIND
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When I received the Nobel Prize, the only big lump sum of money I have ever seen, I had to do something with it. The easiest way to drop this hot potato was to invest it, to buy shares. I knew that World War II was coming and I was afraid that if I had shares which rise in case of war, I would wish for war. So I asked my agent to buy shares which go down in the event of war. This he did. I lost my money and saved my soul. ...link
V. THE DUALITY OF MORALS
...
Senescent judges show how patriotic they are by passing out hard sentences for tearing up a draft card or following one's conscience according to the principles established by our country at the Nuremburg trials. ...link
online FOREWORD and a little more
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