Singers & Bands / Artists & Musicians 1960s debuts

Esses cabeludos!

Os Beatles nos anos 60 eram um tema presente na vida de muitas famílias portuguesas incluindo a dos meus pais mas a 1ª memória que eu tenho dos Beatles remonta só lá para o final da década, por volta dos meus 10 / 12 anos, e é a do meu pai a dizer para a minha mãe que "nunca permitiria que os meus filhos andassem por aí como esses cabeludos"... Pois!!

E então?

A realidade é que a música desses cabeludos era tão cativante que rapidamente se difundiu por esse mundo fora como se fosse um vírus e, coisa incrível, o cabelo do pessoal tal como os dos Beatles, com a idade foi mesmo crescendo até que, imaginem, virou moda... Pois!!

JC, 2017-02-12

Extravagante

O David Bowie não foi um dos eleitos da minha adolescência... Alguns dos seus albums passaram lá por casa mas nenhum se impôs, eventualmente apenas porque não calhou, havia muita oferta de música, havia sempre amigos para trocar e emprestar albums e alguns vinis poucas vezes gastavam a agulha... Contudo, no virar da década de 70 o Bowie entrou no espírito pop da new wave sobremaneira com o LP "Scary Monsters" e depois em 83 com o super comercial "Let's Dance", entrou na onda de cabeça como se costuma dizer e, com aquele estilo de art/ glam/ pop rock, começou a ter um maior destaque nos mídia, sobretudo nas rádios que passavam a sua música com grande frequência...

Um episódio que ilustra essa maior 'democratização' da música do Bowie remonta ao final dos anos 80 quando alguém pinta no muro do infantário frente ao hospital de Espinho, em letras que se poderiam ler a 'kms' ... "THIS IS NOT AMERICA"... Uma memória que eu trago para sempre porque passei por lá durante anos, todos os dias a caminho do trabalho...

Também interessante registar, em meados dos anos 70 nasceu uma revista de música em Portugal, se não me equivoco chamava-se "Música & Som", que eu comprava de vez em quando, inclusive desde o 1º número... Tem várias passagens de que eu me lembro e uma delas era sobre a música do Bowie... Dizia alguém que durante uns tempos, na década de 60, ninguém ligou nada à música do artista até que um dia ele teve a ideia de se vestir de modo extravagante para um espectáculo ao vivo e a coisa terá resultado bem... Tão bem que chamou assim a atenção dos críticos, falaram do assunto, passou mais vezes na rádio e os fans Bowie logo se multiplicaram...

O engraçado da coisa é que o talento ele já o tinha mas poucos reparavam nele, foi preciso uma habilidade para passar a ser notado o que me leva a concluir que muitos talentos terão ficado pelo caminho e se terão apagado para sempre ao não terem tido a sorte de um clique, um ligeiro destaque, um pequeno pormenor que os tivesse catapultado para o conhecimento do grande público...

Hoje a coisa é bem diferente, caçam-se talentos de outra forma nesses programas de TV que atingem as 'massas' fortemente... Com certeza será positivo em alguns aspectos e menos positivo noutros e quem escrever no futuro a história do presente o avaliará mas eu gosto mesmo é dos talentos que se 'fazem' por si próprios, pelo menos no arranque, a pulso como se costuma dizer... Nos dias que correm, vão para o youtube e aí vai disto... A Alessia Cara é um bom exemplo...

JC, 2017-03-25

Divina, maravilhosa!

Espelho Mágico, espelho meu, alguém *agora*, canta melhor do que eu?
Não, este não é o estilo da Gal, ela nunca entraria neste jogo mas, eu vou responder por ela...

A Gal Costa e a Bethânia são na minha opinião as duas maiores cantoras do Brasil de todos os tempos... Antes delas os brasileiros tinham como maior referência a Carmem Miranda e a Elis Regina mas as duas baianas cresceram como interpretes na melhor época da música brasileira beneficiando de compositores como Caetano, Gilberto Gil, Chico Buarque, Tom Jobim, Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Caymmi e outros tantos mais...

Na minha juventude comprei discos do Caetano, Chico Buarque, Tom Jobim, Vinicios de Moraes, Bethânia e até de Rita Lee, sendo estes últimos para oferecer nos aniversários da minha futura esposa... Incrivelmente nem um disco da Gal fez parte das minhas preferências e tão pouco me lembro da 1ª vez que ouvi falar dela mas sei que foi antes da Gal interpretar o tema principal da telenovela Gabriela pois que faixas do album Índia e de outros LP anteriores também já famosos passavam imensas vezes na rádio... Já lá vão uns anos, o tempo passou e as memórias vão-se apagando...

Entretanto, já faz 12 anos, fiz uma seleção de temas interpretados pela Gal ( aqui ) que agora levo mais a sério nesta página dedicada aos artistas que despontaram na década de 60... Tudo isto ajuda a preservar as minhas boas memórias...

E por último transcrevo a seguir o que escrevi há uma década atrás... "Palavras para quê? A Gal é mesmo especial..."

Aqui nesta página, clicando nas imagens ou nos links, alguns bons exemplos do seu enorme talento...

JC, 2024-01-28

HELPLESS

A minha história com o Neil Young começa quando o meu amigo Quim Camarinha me empresta 4 LPs, entre os quais estava o “Déjà Vu” dos CSN&Y… Não consigo precisar essa data mas penso que isso acontece por volta de 1976/77 pois quando em 1978 sai o álbum Comes a Time, já eu sou um grande fã da música do Young… Entretanto lembro-me de ter ouvido os 4 discos assim de relance e de os ter voltado a colocar na prateleira e por ali terem ficado esquecidos até um dia em que o Jorge Iglésias passou lá por casa… Quando o Jorge pega no Déjà Vu faz uma exclamação do tipo “É pá isto é muito bom!”.

Et voilà, foi assim que eu comecei a dar atenção à música excepcional desses 4 tipos e logo depois me dediquei com mais exclusividade ao Neil Young ao ponto de fazer a colecção de todos os seus LPs, tendo pedido para vir do Canadá pelo meu primo Luís Alves os álbuns que não conseguia comprar em Portugal, incluindo os discos dos Buffalo Springfield… Tudo isso durou uns bons anos, até meados dos anos 80…

Voltando atrás, por volta de 1978 passou um filme no antigo Teatro São Pedro em Espinho, de seu nome "The Last Waltz", um concerto de rock que tinha sido anunciado como sendo a última actuação ao vivo do grupo The Band… Era para ser apenas mais um filme que a malta ia ver no velhinho São Pedro mas para mim foi muito mais…

Os The Band convidaram para tocar com eles vários artistas incluindo o Bob Dylan que teve especial actuação como não poderia deixar de ser e, depois de passarem pelo palco nomes como Eric Clapton, Emmylou Harris, Joni Mitchell, Van Morrison, Muddy Waters e Ronnie Wood entre outros, finalmente entra em cena o Neil Young o que me comoveu intensamente… No filme dá para ver que o próprio Robbie Robertson fica de certa forma emocionado com o momento…

Mas eis que o Young arranca com a harmónica e os acordes de HELPLESS, eu não aguento a comoção e caiem-me as lágrimas… Ainda hoje me arrepio só de me lembrar disso… Helpless (Live 1976 with The Band)

JC, 2021-05-16

Quando se tem 18 anos

Só comecei a levar a sério os Rolling Stones aos meus 16 anos através do single "Angie" que no verão de 74 passava frequentemente nos discos pedidos na esplanada da Avenida 8 em Espinho... Para quem não conheceu o ambiente daquela esplanada que deixou saudades em todos os que dela disfrutaram, fica aqui um link para dar uma ligeira ideia do que foi aquele picadeiro nos dias e noites de verão até ao final dos anos 70...

Os Stones, ou algo do género, nos dias de hoje jamais me cativariam, digo eu, mas lembro-me muito bem da coisa quando se tem 18 anos e, com essa idade tudo é diferente... Havia uma espécie de encanto, era impossível não gostar, a imagem que eles passavam era montada por uma máquina de fazer $, ok mas aquela música fabricada para atingir uma camada da juventude depois de se entranhar no teu cérebro é para toda a vida... A primeira vez que ouves ao vivo acordes como em "Gimme Shelter", "Honky Tonk Women" ou "Jumpin' Jack Flash" estás feito... É uma emoção tão forte que é simplesmente inesquecível...

JC, 2018-03-31